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terça-feira, 22 de maio de 2012

TINTAS ANTI - INCRUSTAÇÃO (O PERIGO)



  

O Perigo das Tintas Anti-Incrustação para a Maricultura

A famosa tinta envenenada utilizada na pintura de cascos de embarcações para impedir incrustação de organismos sésseis tais como cracas, ostras, algas, mexilhões e muitos outros organismos sésseis vem sendo usada no mundo desde a metade do século XX.

Dentro de uma gama de compostos utilizados na fabricação dessas tintas encontram-se os organo-metálicos à base de estanho, mais propriamente o tributil estanho (TBT). O componente bioativo presente na tinta dissolve-se lentamente na água do mar, formando uma película ao redor do casco, rica em elementos tóxicos que interferem no processo biológico de organismos marinhos impedindo a fixação.

Com o passar do tempo, o TBT passou a ter uma utilização generalizada. Em 1985 estimava-se que de 20 a 30% dos navios que circulavam em todo o mundo utilizavam este tipo de tinta. Da mesma forma, começaram a surgir pesquisas científicas mostrando o seu efeito danoso ao meio ambiente.

A França foi o primeiro país a banir, em 1982, as tintas anti-vegetativas em barcos com comprimento inferior a 25 metros, seguida do Reino Unido em 1986. Em 1980 foi a vez da Marinha norte-americana e em 1988 muitos estados dos EUA já haviam adotado valores limites. Nos demais países da União Européia, o uso de TBT foi completamente banido durante a década de noventa.

Dois organismos sofrem a ação perniciosa de altas concentrações de TBT no meio aquático: ostras e caramujos.

Nos ostreídeos, ao nível de desenvolvimento larval 0,05 micrograma/litro são suficientes para apresentar crescimento retardado e elevada taxa de mortalidade após 10 dias. Nos indivíduos adultos, ocorre perda da fecundidade e malformaçãodasconchas, que tornam-se grossas e com espaçamentos entre camadas (conchas ocas).

Em muitas regiões do mundo diversas espécies de ostras tiveram suas populações drasticamente reduzidas face aos elevados níveis de exposição ao TBT.Exemplo mais evidente foi o da quase extinção da ostra portuguesa, Crassostrea angulata, no estuário do rio Tejo. Pesquisas concomitantes a esse declínio mostraram concentrações da ordem de 5,26 ng de TBT por litro de água, enquanto instâncias internacionais recomendam concentrações inferiores a 1 ng/ litro.

Nos caramujos marinhos, o efeito cada vez mais estudado é a ocorrência de um fenômeno de pseudo-hermafroditismo. Consiste em um crescimento da genitália masculina (pênis e testículos) em seres femininos, conhecido por "imposex", que repercute na esterilização das fêmeas e no declínio das populações de caramujos de regiões altamente contaminadas (6-8 ng/litro).

No Brasil, as primeiras investigações já tiveram início e demonstram locais da costa apresentando caramujos da espécie Thais haemastoma com "imposex", principalmente na baía de Guanabara, RJ .

No que concerne à maricultura, é necessário proibir-se a localização de marinas próximas a sítios de cultivo, e vice-versa. Barcos ancorados liberam da tinta de seus cascos, o princípio ativo tóxico na água que, no caso do TBT, em concentrações maiores a 1 ng/litro são altamente tóxicas, principalmente às ostras.

Por outro lado, uma medida já utilizada em diversas marinas do mundo poderia virar prática no Brasil. Trata-se de se colocar lona no piso sob o barco, quando este estiver em terra recebendo raspagem do casco para nova pintura. Finda a raspagem, a lona é recolhida juntamente com todo material resultante do trabalho e recebe destino adequado. Essa prática impede que restos de tinta sejam levados para o mar e evitem mais poluição.

Para que o homem se contamine com esses produtos é necessário que ingira concentrações extremamente altas.

Fazendamarinhaatlantica

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