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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O ESCRITOR CARLOS MALTZ

ABILOLADO MUNDO NOVO 241 páginas - Carlos MaltzVia Lettera.





Carlos Maltz, psicólogo, astrólogo e ex-baterista dos Engenheiros do Havaii casou as tradições epistolar (o diálogo através de cartas entre 2 pessoas mas dirigidas a um número indefinido de usuários) e platônica (o método Platoniano de filosofar através da conversa) para dialogar com os jovens em seu chat (sala virtual de bate papo) na internet. 5 lubrificados representantes da classe média, desencantados, materialistas, meio alienados, meio entendidos, órfãos e ansiosos para encontrar a razão da vida, repartiram suas dúvidas com Maltz, que acima de ser um ídolo dos jovens, se portou como um amigo “internáutico” com quem se podia trocar ideias, sem que para isso, esses mesmos jovens tivessem sido criticados ou tratados apenas como “imaturos”.
Assim que iniciei a leitura, me cocei com as pulgas dos diálogos internéticos – sempre resumidos a poucas linhas de gente facilmente entediável. Hoje ninguém escreve em corpo de texto de e-mail, o que já é considerado “velho” pois parece que o espaço branco, vazio e gigante da mensagem eletrônica que pede “Me preencha” ficou grande demais. O mundo virtual anda governado por poucas frases, assim como o twitter, que desprovido de significantes, tornou-se líder em simplificação e elucidação do quase inútil. A sanha resumista dos MSNs e das TWITTagens são os melhores lugares para se treinar essa popular simplificação da linguagem. A mente treina para captar o óbvio, mas ao mesmo tempo se cansa ao ver um livro de 300 páginas, ícone da “perda de tempo”. Que curioso... Tanto se fala em viver a vida e a maioria fica em frente a uma tela para viver a tal vida, com o objetivo de inflar o desejo compulsivo dos prazeres da carne e dos sentidos.





Maltz precisou de tato, para simplificar e simbolizar. Comparei os diálogos dos jovens no livro, com um BlueRay sendo copiado para um DVD para em seguida virar uma fita de vídeo, para que talvez (pois essa é a meta) pudesse virar BlueRay de novo. À princípio, a leitura me soou como uma inversão de valores (estaria eu com uma cabeça “velha”?). Por que convencer quem não quer ser convencido? Por que dar alimento à fera que te devorará? Mas rapidamente a impressão se desfez e o trabalho de Maltz, como educador e orientador, destacou-se na massa de argumentos.
Nesse ponto, a obra ganhou relevo e corpo para mostrar o porquê de ter sido impressa. Simplesmente vários assuntos relevantes se abriram como pétalas e o grupo de participantes foi “se participando”, não se “particionando”, como pétalas de uma única flor, para não usar a imagem da corrente. Os cinco jovens se integraram, na busca de mais dicas e luzes, como se estivessem à caça disso por toda a vida, entre altos, baixos e tropeções.
Que bom seria se todo chat fosse assim, pois esse conflito, o abismo entre “jovens” e “velhos” é fruto de uma sociedade de valores consumistas que não são questionados exatamente pelos “jovens”, que agem como “velhos” que não aceitam mudanças, rupturas no padrão. Os jovens, tenho visto muito isso, estão muito velhos e o livro de Maltz comprova isso. A grande potencialidade, tanto da internet como dos “jovens” é jogada fora por causa do medo de evoluir, de crescer em vias de se tornar o inimigo” adulto com vícios e erros comuns. É mais fácil ser agredido do que entendido, é mais fácil viver na mentira do que se iluminar. Mas em compensação, o jogo de cintura e a sabedoria de Carlos Maltz abraçou os participantes como irmãos para comungarem coletivamente, em plena exposição de mazelas na pista de soluções.

Esse é o mote de Abilolado, o livro, futuramente uma série, e quem sabe um filme.


Zero hora




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